domingo, 30 de junho de 2013

Domingo de futebol

Já não é fácil trabalhar num domingo, depois de ter trabalhado sábado e todos os outros dias da semana, sem parar. Mas é praticamente impossível escrever seja o que for sobre a mediação comunitária quando o Ivan Lins canta na caixa de som do boteco lá de baixo, os apitos e gaitas e vuvuzelas e sei lá que instrumentos de som irritantes dos vizinhos estouram-me os ouvidos, em jeito de celebração antecipada  da final da Copa das Confederações. Para não falar das sirenes da polícia que passam insistentemente fazendo escolta a carros acelarados. E da mancha verde e amarela que vai passando pelas ruas, desviando-me a atenção.Tá fácil não, cara.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Mudanças

E eis que se passou mais de um mês sem que me sentasse em frente ao computador, ou ao caderno de anotações, para traduzir em palavras tudo o que tem acontecido por cá. E não é precisamente por não ter o que escrever, mas precisamente pelo contrário, ter demasiadas coisas para contar e não arranjar tempo nem disposição para o fazer.
Nas últimas semanas, o quadro no qual vivia recebeu contornos novos e tonalidades fortes. O reencontro da família no Rio de Janeiro, comemorado em dias únicos e inesquecíveis, desses que, a cada minuto, sabemos que estamos vivendo algo irrepetível. A tão desejada chegada do Richard. Por fim... A despedida, inesperada e triste, do Grony. Os últimos dias na Babilônia, escassos de tempo suficiente para olhar detalhadamente para cada laje, cada pipa, cada recanto, cada boteco, cada pessoa. A mudança de casa e a construção de um novo lar. O nosso lar. Novas rotinas. Novos vizinhos. Nova padaria onde comprar o pão todas as manhãs. Novos rostos a quem dar bom djiaaa e boa noitjii. Uma escapada com amigos a Ilha Grande, esse lugar onde o tempo parou e onde vou querer sempre voltar. As manifestações que estão mudando  o Brasil e as conversas de rua e de cafés, que estão permitindo que se questionem as injustiças sociais e se reivindiquem direitos esquecidos. Um novo trajeto casa-trabalho, muito mais rápido e cômodo, há que reconhecer, embora sinta falta dos rostos e olhares com que me cruzava descendo e subindo o morro. Novos desafios no trabalho. Algumas viagens a Vitória, e um Guia de Mediação Comunitária por escrever.

Reencontros, mudanças, construções, despedidas, desafios.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Indignados

Depois de ter vivido bem de perto o 15M em Madrid, há dois anos atrás, sinto uma emoção grande por estar, mais uma vez, num lugar onde o povo, inesperadamente, mas em massa, sai à rua pacificamente para mostrar sua indignação. Para dizer basta. À corrupção, ao sistema político, ao descaso dos governantes, aos milhões gastos em mega-eventos, à saúde e educação pública deficientes.
Uma pena que uma pequena minoria seja protagonista de atos de vandalismo. Uma vergonha os abusos policiais dos quais quase fui vítima direta.
Mas ter estado entre a multidão pacífica, pelas ruas do centro do Rio, cantando, gritando, apelando, foi muito, muito emotivo. Simbólico. Único.
Sinto mesmo muita emoção por estar vivendo este momento de mudança. De um país, de uma sociedade. Não será de hoje para amanhã. Mas as coisas começarão a ser diferentes. Já são diferentes. O gigante acordou.