Bom djiiiimais...
domingo, 20 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Outro dia
Eu sabia que hoje seria outro dia.
Mas nunca imaginei que pudesse ser tão diferente. Nunca imaginei que a conversa que tive ontem com os garotos no fim da aula, dizendo que estava muito chateada e triste com o comportamento deles, pudesse surtir tanto efeito. Chegaram calmos. Mudei a estrutura da sala, de U para a tão tradicional em filas (que detesto), e dei umas fichas de revisão da matéria dada.
Levaram tudo muito a sério. Pensavam que era um teste e surpreendiam-se quando dizia que podiam ver no caderno o que não sabiam. Ou até ajudar o companheiro do lado. Mas sempre no mínimo silêncio, dedinho no ar, esperando que eu os atendesse, sentados cada um no seu sítio.
Não podia acreditar. A Neuza também não. Depois da aula de ontem, conversámos durante mais de uma hora sobre os problemas e dificuldades desta turma, sobre as opções, estratégias... mas não nos lembrávamos de nada... a solução parecia impossível. E... nossa, se eu tivesse uma câmera para filmar a aula de ontem e a aula de hoje!!!!!!!
Não há fórmulas para lidar com os miúdos. Um dia penso que estou no caminho certo, outro dia vem e desmorona tudo (como ontem), e de seguida vem outro que faz acreditar que sim, é essa a linha de trabalho, está funcionando... e muitos outros virão para me fazer subir as paredes e repensar tudo outra vez.
É muito interessante, desgastante também, mas, enfim, recompensador. E enternecedor. Dois dos mais rebeldes que quase se matavam nos últimos dias ajudaram-se mutuamente a fazer um exercício, partilharam lápis de cor e ainda disseram, no fim da aula, agora até já somos amigos. Dei-lhes a todos os parabéns, tiveram direito a jogo na rua, brincámos, saímos todos felizes da aula.
Crianças, quem as entende?
Ou somos nós, adultos, que não nos fazemos entender?
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Do zero
Parecia que estava no caminho certo, que tinha encontrado a fórmula para lidar com o grupo de garotos mais difícies, que a turma estava começando a funcionar bem, que - apesar do episódio violento da semana passada (que foi solucionado com um final feliz) - estavam entendendo as normas, estavam aprendendo, evoluindo...Tinha tido momentos muito bons, de plena realização, em que observava avanços na aprendizagem e no comportamento de cada um...
E eis que surge a aula de hoje e sinto com se estivesse começando do zero. São quatro os miúdos que fazem bagunça... mas conseguem perturbar toda a aula. Conseguem revolucionar a turma. Fazer-me sentir impotente. Angustiada. Enervada. Minúscula.
Hoje não vejo nenhuma solução, estratégia, fórmula para colocar em prática com eles. Estou cansada, exausta, sem ideias. Mas sei que isto faz parte do trabalho de uma professora e do trabalho social. E sei que amanhã é outro dia...
terça-feira, 15 de maio de 2012
Dias em duplicado
Necessito que os meus dias sejam em
duplicado.
No original: Viver. Observar. Sentir.
No papel químico: Reflexionar. Ler. Escrever.
Viver. Acordar às 6 da manhã. Caminhar. Fazer
ginástica na Igreja Evangelista Batista Renovada até às 8h. Conversar pelo
caminho com a Bia, uma garota de 19 anos com sobrepeso que consegui convencer a
fazer desporto. E a mudar de alimentação. Tomar banho. Comprar pão na padaria
de em frente. Tomar o café da manhã. Cereais. Fruta. Ler os títulos online do
Globo. Do El País. Do Público. Isso se der tempo para tudo, o que nem sempre
acontece. Dar aulas à turma da manhã. Números, alfabeto, verbos. Canções.
Trava-línguas. Sopas de letras. Jogo para aprender vocabulário. Preparar aulas
das turmas de tarde. Pesquisar dinâmicas. Elaborar jogos, exercícios.
Planificar. Ir ao supermercado fora da favela, do outro lado da linha do trem.
É muito mais barato que dentro. Carregar as compras até casa. No caminho
cumprimentar a vizinha. Comprar mangas, abacaxis, mamões debaixo da ponte.
Goiabas, que delícia. Conversar com a Neuza sobre os miúdos. Imprimir os
exercícios para as aulas. Preparar o almoço com poucos utensílios. Comer. Dar
aulas às duas turmas da tarde, das 15h às 19h. Ajudar os mais pequenos com os
trabalhos de casa. Caminhar pela estrada que segue a linha do trem e vai de
Parada de Lucas até Cordovil e por aí fora. Ou pelas ruas da Cidade Alta,
bairro contíguo que foi cenário do filme A Cidade de Deus. Conversar com
o Danilo. Às vezes durante horas, e nunca esgotamos os temas. Encontrar alguma
aluna pelo caminho. Ir ao karaté. Parar para tomar um suco e comer um
salgado, 2 reais. Dar um oi ao vigia da esquina que tem ar de garoto e
olhar perdido. Mandar relatório das aulas à ong espanhola. Preparar as aulas do
dia seguinte.
Nos dias em que não tenho aulas, pegar o
ônibus para a zona sul. Ou o trem. E o metrô. Na Estação Central, comer um
pastel de queijo (e lembrar-me da Cláudia). Ajudar um senhor invisível,
de cadeira de rodas, a atravessar um buraco na calçada. Ninguém o vê. Ir ao
Instituto Cervantes entregar ou requisitar algum livro. Conversar horas com o
bibliotecário e sair de lá com uma montanha de livros. Reunir-me com um
sociólogo do Observatório das Favelas. Com a responsável do Programa de
Prevenção de Homicídios entre jovens. Reunir-me com a diretora de uma ong na
Cidade de Deus. Nos entretantos, pegar um ônibus. Correr para outro, que decide
não parar. E pegar ainda outro. Trânsito parado na Avenida Brasil. Os livros
pesam e alguém me oferece o lugar sentado. Ou para segurar os livros durante a
viagem louca, apertada e sudorosa.
Ao sábado curso “Favelas Cariocas: Ontem e
Hoje”. Escutar. Aprender. Muito. Conversar com os colegas. Cada um mais
interessante que o outro. Aprender. Sair com mais dúvidas do que quando entrei.
E com um maço de textos para ler. Com ideias, projetos, vontade de ficar cá.
Caminhar na orla. Assistir a um concerto gratuito em Ipanema. Samba canção e
mar como pano de fundo. Caminhar. Encontrar-me com a voluntária professora de
inglês. Comer açaí. Pegar dois ônibus para regressar a casa. Encontrar um aluno
na rua mal chego a Lucas. Lavar roupa. Revisar os e-mails. Procurar trabalho.
Espreitar pela janela os jovens que ouvem funk durante toda a noite de sábado.
Com muita sorte, ouvem samba, mas isso só aconteceu uma vez. Um carro com um
alta voz no volume máximo. Dançam. Bebem. Falam alto. Tento dormir. Fogos.
Tento dormir outra vez. Mais fogos e me assusto. Vou à janela. Música. O som da
ventoinha. Do funk. Dos aviões.
Ao domingo acordo cedo. Aliás, nem chego a
dormir. Pegar mais ônibus, mas desta vez vão rápido porque não há trânsito.
Pedir ao motorista que me diga qual é a saída. Fazer caminhada com grupo de
moradores do bairro da Urca. Subir ao Morro da Babilônia. Visitar a favela
desse morro. Caminhar no calçadão de Copacabana. Apanhar sol. Conversar com um artesão
que vende pulseiras e colares na praia feitos no Complexo do Alemão. Acabar em
casa de uma portuguesa de 81 anos que vive há 60 no Brasil e ainda tem sotaque
luso. De Cinfães. Uma casa em plena Copacabana. Nada que ver com as de Lucas.
Conversar muito. Tomar um refresco. Andar em bicicleta graças ao fantástico
sistema de bicicletas públicas do Itaú. Pena que só exista na zona sul. Andar e
andar de bicicleta... do Leme até Leblon. Parar para ver o nascer da lua
no mar. Pegar ônibus. Outro. Chegar a casa. Conversar com a Neuza. Organizar
reuniões. Trabalhar até às 3h da manhã. Lutar contra os mosquitos durante toda
a noite. Acordar no dia seguinte com a cara tipo sarampo.
Observar. O amanhecer na favela. Os alunos com as
t-shirts da Prefeitura indo para as aulas. O Paulo que abre a mercearia. O
bandido que já mudou de turno. A água do valão que parece estar cada vez mais
suja. Os passos lentos e pesados da Bia, que vai comigo à ginástica. A senhora
de idade que não consegue fazer o exercício. O professor que anima. A fila
imensa de pessoas que espera o ônibus que vai para a zona sul e só regressa à
noite. Os vendedores que colocam as bandejas de abacates e mangas nas suas
bancas debaixo da ponte. O vizinho que já está em frente à nossa casa e aí
ficará sentado até anoitecer. As carrinhas de transportes que abastecem os
comércios. A grua que retira o lixo do valão. Os carros de mão sobrecarregados.
As crianças que chegam ensonadas à aula. Os sorrisos. As gargalhadas. A forma
como falam de coisas sérias. Os gestos. As frases. O beijo que me dão antes de
saírem. O jeito dos adolescentes. As conversas que têm entre eles. Inquietudes.
A mudança de feições no trajeto norte-sul.
De cor de pele. De roupa. De arquitetura. Casas de tijolos. Becos estreitos e
labirínticos. Pó. Lixo. Portas e janelas abertas. Portões altos e porteiros à
entrada. Pessoas sentadas à entrada das casas. Conversando. Vendendo coxinhas
de frango. Pessoas correndo no calçadão, andando em bicicleta, tomando agua de
côco. No trem, vendedores de isqueiros, biscoitos Globo, refrigerantes. Muito
ruído. Muita trepidação. Não dá para escrever. No entanto, eu insisto. Como
é que você consegue, e ainda por cima com letra bonita? Olhares curiosos em
cima das minhas anotações. Olhares cansados. Perdidos. Sonolentos. Corpos
desgastados. Descalços. Alguns deitados em redor da Central do Brasil.
Dormindo. Agoniando. No metrô, louros bronzeados com a sua prancha de surf.
Crianças com uniformes de colégios particulares. Homens engravatados. Chapéus.
Morenas elegantes. Turistas de bermudas. Mochilas Northface. Óculos de Sol.
Cheiro a perfume. Escadas rolantes. Limpeza. Ipods. Sapatilhas Nike. Ordem.
Calças fitness. Beleza. Luxo.
Ao fim do dia, uma multidão passeando pela
orla marítima. Tomando caipirinhas. Escutando música. O pôr-do-sol. Os morros
iluminados. Na Central, os catadores entram nos ônibus com os sacos cheios de
latas. As ruas ainda mais sujas. O trem ainda mais cheio. Os olhares mais
cansados. Em Parada de Lucas, muita gente nas tascas. À porta de casa. Festas
improvisadas. Bailes. O jogo do Botafogo-Vasco. Cervejas. Crianças brincando
nas ruas. Armas.
Sentir. Felicidade, todos os dias quando me
desperto e me lembro onde estou e o que estou fazendo. Emoção. Angústia, por
pensar que só estarei três meses. Paz. Serenidade. Quando chego a Copacabana e
vejo o mar. Caminho na areia. Sinto a areia massajar meus pés. A água salgada
na boca. O sol na pele. Quando olho à minha volta e me deixo contagiar pela
beleza do Rio de Janeiro. O mar. Os morros. A natureza. As palmeiras.
Satisfação. Prazer. Quando ando de bicicleta pela orla e vou olhando o mar e
ouvindo os sambas das esplanadas. Surpresa. Incredulidade. Revolta. Impotência.
Por tantas injustiças, tantas carências, tanto sofrimento. Tantas vidas despedaçadas
pelo tráfico. Pela violência. Pela espiral de desgraças. Lágrimas. Tristeza.
Empatia. Admiração. Por aquelas pessoas que estou conhecendo e que são exemplos
de resiliência e força. De esperança. Energia. Ternura. Por todos e cada um dos
meus alunos. Satisfação. Alegria. Quando os vejo a aprender, a rir, a desfrutar
das dinâmicas e dos exercícios. Entusiasmo. Ao preparar as aulas, ao dar
as aulas, ao escrever o relatório das aulas. Desespero. Cansaço. Quando o
ônibus não anda, o trem está cheio, o metrô me esmaga. Quando as horas passam e
é difícil chegar ao destino, fazer qualquer coisa, avançar. Desilusão.
Quando chove precisamente no único dia em que poderia ir à praia. Domingo. A
casa se inunda. Panos e toalhas para estancar a água que escorre pelas paredes
e pinga do teto. Leveza. Descontração. Quando saio de casa e não sei como vai
terminar o dia. Termino conversando com alguém durante horas. Descobrindo algum
recanto surpreendente. Aprendendo. Felicidade.
Reflexionar. Sobre tudo o que estou vivendo,
observando, sentindo. Todas as experiências. Todas as imagens. Todas as
conversas. Sentimentos. Sobre tudo o que estou aprendendo, que é muito, e não
consigo absorver se não tenho tempo para reflexionar.
Ler. O jornal. A revista. Os livros que trouxe
na mochila. Travesuras de la niña mala. La ciudad y los
perros. El español em la maleta. Rio de Janeiro, Carnaval de fuego. Os livros de espanhol que requisitei no
Cervantes. Espanhol urgente para brasileiros. Os livros que me
ofereceram no Observatório das Favelas. O que é a favela, afinal? Homicídios
na adolescência no Brasil. Prevenção à violência. Os textos das aulas. Favela,
cidade e cidadania em Rio das Pedras. Nunca é tarde para ser feliz? A imagem
das favelas pelas lentes do Correio da Manhã. Das remoções à célula urbana. Páginas
web de ongs, projetos sociais, iniciativas. Wikipédia. Google.
Escrever. As conversas que tenho. As imagens que
observo. Os sentimentos. Os relatos. Tudo o que vivo. No diário. Algo no blog Arroz
e Feijão Preto. As avaliações individuais de cada aluno. Os
relatórios semanais das aulas. Os posts do blog Español para Tod@s. Os
e-mails. As mensagens do facebook. A agenda. Os apontamentos das aulas do
curso. As frases soltas. Os pensamentos. Os desejos. As inquietudes. Os medos.
As alegrias.
Falta-me tempo para viver, simplesmente
viver esta experiência, deixar-me levar, sentir, observar, escutar... e para
pensar em tudo isso, ler e escrever todos os pormenores, todas as
insignificâncias... Apetecia-me poder gravar todos os meus dias para, mais
tarde, os transcrever. Porque não é fácil viver e ao mesmo tempo querer
registar tudo. Absorver tudo. Mas... se sinto essa impotência, essa angústia de
não conseguir fazer tudo o que quero, é porque realmente os meus dias são ricos
e completos e estou aprendendo e recebendo muito de tudo e de todos. E isso
já ninguém me tira...
PS: Parabéns a todos aqueles que
conseguiram ler este post tãooooo longo!!! Merecem um aplauso!! Clap clap clap!
domingo, 13 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
As crianças, espelho da violência
Hoje um dos meus alunos, de 9 anos, cortou o braço de outra aluna com uma lâmina gillete em plena aula. Um corte superficial, mas o braço sangrou, a garota chorou, e ficámos todos estupefactos. Eu estava de costas, corrigindo os deveres de outro, e foi tudo tão rápido, tão surreal, que ainda não acredito que aconteceu.
A Neuza conversou com ele durante o resto da aula numa sala à parte. No fim, fizémos uma assembleia onde ele pediu desculpas e explicou o porquê de tal comportamento. O porquê? A garota há uma semana, na rua, insultou-o, chamou-o de burro. E isso me preocupou. Pensar que esse insulto o feriu de tal forma que, passados tantos dias, viesse para a aula com uma gillete e, à mínima distração minha, cortasse o braço dela. Também me preocupou o sorriso dele enquanto eu lhe falava da gravidade do acto.
Perguntámos a cada um dos alunos qual a consequência que achava adequada para um comportamento tão grave, e nesse momento percebi como a violência está normalizada e enraizada em cada um deles. A professora bater nele. (...) A mãe. Porque a mãe pode bater. (...) Eu acho que o mais adequado é cortar o braço dele com a gillete porque assim ele vai perceber o que ela sentiu quando ele fez isso. Colocá-lo todo o tempo de pé virado à parede. Castigá-lo. (...) Expulsá-lo da ong.
Explicámos que a violência não é a solução, e que a expulsão também não. Aceitámos a proposta da garota de o fazer escrever e copiar uma frase do tipo não volto a bater aos meus colegas muitas vezes repetidas. Fiquei mais tranquila por ser a própria vítima a encontrar a forma justa de ressarcir o seu dano. Mas não fiquei tranquila ao me aperceber melhor da realidade na qual estas crianças estão crescendo. Uma realidade violenta. Olho por olho. Ela outro dia me insultou, por isso tive de fazer isso. 9 anos de idade. Uma vítima. O espelho da violência que se vive aqui na favela.
Resolvemos não expulsar o garoto porque ele precisa, mais do que ninguém, de estar aqui. Ser orientado. Mas os pais dela vieram mais tarde falar connosco e disseram que, se não o expulsamos, retiram a miúda das actividades da ong. Se você faz isso agora com 9 anos, com 11 anda com uma arma na mão. Você é muito perigoso. O pai da miúda não se inibe e fala isso para o miúdo.
Uma criança não pode ouvir dizer que é perigosa. Se ouve isso, se o expulsamos, ele acabará acreditando que é realmente perigoso e aí a sua conduta só piorará. Mas também não podemos perder a miúda.
Difícil. Qualquer decisão será injusta e errada.
Há bocado a Neuza me chamou e me mostrou o celular dela. O pai do Matheus acaba de mo trazer, estava dentro da mochila dele...
Não... Ele outro dia levou uma caneta minha, o corrector de um colega... mas o celular da Neuza... e hoje?... quando admitiu que fez mal e pediu desculpas à companheira?... quando se deliberou sobre o seu castigo e aceitou ser justo porque tinha feito algo realmente muito grave!?
9 anos. Só tem 9 anos. Precisa de ajuda, antes que seja demasiado tarde.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Há aulas que esgotam...
Duas horas a tentar ensinar espanhol a 10 crianças num dia em que todos pareciam ser pipocas dentro de uma panela aos estalidos, gritinhos, saltinhos ... foi duro, muito duro...
Em compensação, a aula aos adolescentes e jovens correu muito bem...
mas estou KO!...
terça-feira, 1 de maio de 2012
Feriado
Trabalho. Não é o dia do trabalhador?
Muita chuva. Demasiada! Já chega! Onde estás, SOL!?
Inundações em casa. Parece surreal, mas quando dei por mim estava a trabalhar em cima de uma imensa poça de água. Não há nenhuma divisória que se escape e a situação está a ficar crítica. Alerta vermelho!
O meu lugar
Rio de Janeiro.
O meu lugar,
é caminho de Ogum e Iansã,
lá tem samba até de manhã,
uma ginga em cada andar.
é caminho de Ogum e Iansã,
lá tem samba até de manhã,
uma ginga em cada andar.
O meu lugar,
é cercado de luta e suor,
esperança num mundo melhor,
e cerveja pra comemorar.
é cercado de luta e suor,
esperança num mundo melhor,
e cerveja pra comemorar.
O meu lugar,
tem seus mitos e seres de luz,
é bem perto de Oswaldo Cruz,
Cascadura, Vaz Lobo, Irajá.
tem seus mitos e seres de luz,
é bem perto de Oswaldo Cruz,
Cascadura, Vaz Lobo, Irajá.
O meu lugar,
é sorriso é paz e prazer,
o seu nome é doce dizer,
Madureira, lá, laiá.
Madureira, lá, laiá.
é sorriso é paz e prazer,
o seu nome é doce dizer,
Madureira, lá, laiá.
Madureira, lá, laiá.
O meu lugar,
é caminho de Ogum e Iansã,
lá tem samba até de manhã,
uma ginga em cada andar.
é caminho de Ogum e Iansã,
lá tem samba até de manhã,
uma ginga em cada andar.
O meu lugar,
é cercado de luta e suor,
esperança num mundo melhor,
e cerveja pra comemorar.
é cercado de luta e suor,
esperança num mundo melhor,
e cerveja pra comemorar.
O meu lugar,
tem seus mitos e seres de luz,
é bem perto de Oswaldo Cruz,
Cascadura, Vaz Lobo, Irajá.
tem seus mitos e seres de luz,
é bem perto de Oswaldo Cruz,
Cascadura, Vaz Lobo, Irajá.
O meu lugar,
é sorriso é paz e prazer,
o seu nome é doce dizer,
Madureira, lá, laiá.
Madureira, lá, laiá.
é sorriso é paz e prazer,
o seu nome é doce dizer,
Madureira, lá, laiá.
Madureira, lá, laiá.
Ah que lugar,
a saudade me faz relembrar,
os amores que eu tive por lá,
é difícil esquecer.
a saudade me faz relembrar,
os amores que eu tive por lá,
é difícil esquecer.
Doce lugar,
que é eterno no meu coração,
e aos poetas traz inspiração,
pra cantar e escrever.
que é eterno no meu coração,
e aos poetas traz inspiração,
pra cantar e escrever.
Ai meu lugar,
quem não viu Tia Eulália dançar,
Vó Maria o terreiro benzer,
e ainda tem jongo à luz do luar.
quem não viu Tia Eulália dançar,
Vó Maria o terreiro benzer,
e ainda tem jongo à luz do luar.
Ah que lugar,
tem mil coisas pra a gente dizer,
o difícil é saber terminar,
Madureira, lá, laiá.
Madureira, lá, laiá.
tem mil coisas pra a gente dizer,
o difícil é saber terminar,
Madureira, lá, laiá.
Madureira, lá, laiá.
Em cada esquina um pagode um bar,
em Madureira.
Império e Portela também são de lá,
Em Madureira.
em Madureira.
Império e Portela também são de lá,
Em Madureira.
E no Mercadão você pode comprar,
por uma pechincha você vai levar,
um dengo, um sonho pra quem sonhar,
por uma pechincha você vai levar,
um dengo, um sonho pra quem sonhar,
Em madureira.
e quem se habilita até pode chegar,
tem jogo de ronda, caipira e bilhar,
buraco, sueca pro tempo passar,
tem jogo de ronda, caipira e bilhar,
buraco, sueca pro tempo passar,
Em madureira.
E uma fézinha até posso fazer,
no grupo dezena, centena e milhar,
pelos setes lados eu vou te cercar,
no grupo dezena, centena e milhar,
pelos setes lados eu vou te cercar,
Em madureira.
Lalalaialalaialalaia, em madureira
Lalalaialalaialalaia, em madureira
Flashes de fim-de-semana
Pequenos flashes dos momentos de ócio que tenho tido no Rio...!!!
Não tenho tido muita sorte com o tempo, durante a semana quando não saio da favela e me farto de trabalhar tem estado sol e muito calor, e ao fim-de-semana aparece uma chuva horrível que transforma esta cidade luminosa numa paisagem sinistra... Tem o seu encanto, sim, mas eu cá não dispenso um bom céu azul e o brilho do sol a queimar a pele!!!
No entanto, com sol ou com chuva, os momentos que tenho partilhado com as pessoas que tenho conhecido são maravilhosos e muito enriquecedores! De cada uma delas aprendo muito e essa sensação de aprendizagem constante é realmente fantástica. Quero e tento absorver tudo com tanta, mas tanta intensidade...
Nova Iguaçu. Domingo de churrasco na Fazenda Tucano com pais e crianças da Favela
Praia do Arpoador. Ipanema. Falta o céu azul... mas deu para correr na areia, refrescar-me com belos mergulhos no mar, reflectir sobre a sorte que tenho de estar aqui...
Jacarepaguá. Feijoada na Festa de São Jorge na Escola de Samba da Janaína e marido. Velha amiga de infância... que bom estarmos outra vez juntas!
Copacabana. Almoço de domingo com a Clarissa e o Guilherme, amigos de Madrid e umas pessoas maravilhosas!
Parque da Bela Vista. Ballet Nacional da Ucrânia - Virsky. Um verdadeiro espectáculo de bailado e acrobacias!!!
Praia de Botafogo com o Pão de Açucar ao fundo. O outro lado do Rio de Janeiro, tão lindo... e tãoooo distante de Parada de Lucas!!!!
Inhaúma. Festa de anos do neto de uma amiga da Neuza num salão de festas. Muitas crianças a brincar, um palhaço, trampolim, adultos ociosos a conversar e a dançar pagode.
Passeio da Urca. Céu cinza, chuva e brisa fresca. Mas não deixa de ter encanto...
Tarde de chuva a dançar e a saltar com os jogos da X-box, a comer pizza e a conversar muito com a irmã e sobrinhos de um amigo...
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