terça-feira, 27 de agosto de 2013

8 Batutas de Pixinguinha

E como será bom o dia em que tocar flauta transversal assim...
Pelo menos com o pandeiro já consigo acompanhar!

domingo, 25 de agosto de 2013

Buenos Aires

Saí com um sorriso de orelha a orelha do 5º andar do número 383 da Calle Carlos Pellegrini. Fixei bem o endereço, pois em 5 dias tive de ir lá 3 vezes. Eram as 11 horas de uma manhã tremendamente gélida, 7 graus marcavam os termômetros e alguns menos o meu corpo, já desacostumado a temperaturas tão baixas. Olhei uma e outra vez a página 12 do passaporte e voltei a sorrir. Depois de uma longa espera, tanta burocracia e chatices sem fim, ter o visto de trabalho estampado no passaporte é mais do que motivo para sorrir.
Uns dias antes, à hora previamente marcada desde há umas semanas atrás, tinha ouvido da funcionária do Consulado: nuestro sistema no esta funcionando desde el miércoles pasado, así que no podemos emitir visas. Desde há uma semana que o sistema não funcionava e não havia previsão de quando voltaria a funcionar. Pero tengo vuelo el viernes! (…) Lo apuntaré, para que tenga prioridad, pero no le prometo nada porque ya le dije que estamos desde el miércoles sin poder hacer nada… Ufff. Nada é fácil, até ao último momento.
aFelizmente, o problema lá se solucionou, pude voltar um dia depois com toda a papelada, pagar $604 pesos no Banco e esperar hasta el viernes a partir de las 10 horas. 
Nos entretantos, perdi-me por Buenos Aires... pelas calles sempre agitadas com botas altas, casacos compridos e cachecóis vistosos passando de um lado para o outro, pelas avenidas tão largas que davam medo cruzar por não acreditar que chegaria a tempo ao outro lado, pelos verdes e lindíssimos bosques de Palermo, pela feira animada de Recoleta, pelo tranquilo Jardim Japonês, pelas imensas livrarias da Calle Corrientes repletas de páginas por desfolhar, pelas lojas de roupa e acessórios da Calle Florida e da Avenida Santa Fe, pelos Cafés, aconchegantes Cafés onde pedia té con medias lunas e me traziam de cortesia um copo de água com gás e umas deliciosas bolachinhas... e onde descansava as pernas de passeios quilométricos, me localizava no mapa, e, sobretudo, me aquecia. Já não me lembrava de andar toda encolhida, com as mãos cheias de frieiras, os lábios gretados, o nariz doendo, a boca deitando fumo! Já não me lembrava do quão cortante pode ser o vento, do quão doloroso pode ser caminhar com os dedos dos pés petrificados.... E do quão reconfortante pode ser entrar num Café, sentir o líquido quente descer pela garganta, aquecendo os dedos na chávena, aquecendo-me o corpo, a alma.
Buenos Aires fez-me lembrar Madrid. Já tinha tido essa impressão quando lá estivemos em 2010, mas agora, estando há 1 ano e 4 meses sem ir a Madrid, à Europa, foi incrível ver as semelhanças dos edifícios, das ruas, das pessoas. Caminhei por toda a cidade, aluguei uma bicicleta e fui até lugares mais afastados, ao Bairro Chinês, ao Mercado da Pulga, misturei-me com los porteños y las porteñas no seu dia-a-dia frenético, peguei o metrô, o ônibus, almocei o prato do dia, provei várias qualidades de alfajores, passeei sem destino, só com a curiosidade de descobrir um recanto novo. Desfrutei de cada fim de tarde numa paisagem diferente, na Flor de Recoleta, no Parque del Centenario, nos Bosques de Palermo, na praça de San Telmo, e acabei todas as noites nalgum Café, comendo um sanduíche com chá quente, observando os grupos de amigos que se reuniam depois do trabalho, escrevendo o percurso e as sensações do dia...
Foram uns dias intensos, muito bem aproveitados. Mas quando saí do 5º andar do número 383 da Calle Carlos Pellegrini, na sexta-feira antes de ir para o aeroporto, além de uma felicidade extrema, senti uma enorme ansiedade por chegar a casa. Chegar ao Inverno ameno e ao mar, esse azul intenso onde perco o olhar e me renovo todas as manhãs. Quando o piloto anunciou que chegaremos às 20 horas ao Rio de Janeiro, o céu estará limpo e a temperatura 27 graus, e quando – depois de ter entrado com o visto, legalmente - senti o bafo de ar húmido e quente tocar-me na pele, ainda seca e gretada do frio, senti-me realmente em casa. E que bom que casa seja o Rio de Janeiro.

domingo, 18 de agosto de 2013

Quase, quase

De partida para a obtenção do visto... e para uns dias de tango, librerías, cafés, paseos, muchos paseos, medias lunas, alfajores, mate, cheee...


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

6 graus de separação

E eis que, de um momento para o outro, comprovo - uma vez mais - que o mundo é muuuuuito pequeno. Un pañuelo. E que a vida tem casualidades, encontros, reencontros, maravilhosos.
Hoje recebi um telefonema a meio da tarde, de São Paulo. "Oi, Ana? Tudo bom! Desculpa estar-te a ligar... O Nils deu-me o teu contato... Eu também sou portuguesa, sou jornalista e trabalho numa ONG, mas estou com algumas dúvidas sobre o meu visto de trabalho. O Nils comentou que tu estavas a tratar do teu e... Tu também és jornalista? (...) Ah...! E em que ONG trabalhas...? (...)
Até aqui tudo bem. Esclareci algumas dúvidas, dei o meu email, falei-lhe do meu advogado e ofereci-me para a ajudar no que fosse necessário.
Mal desliguei o telefone, recebi um email dela e mandei-lhe outro com o contato do advogado e a indicação de alguns grupos do facebook de portugueses no Brasil, nos quais sempre se encontra informação útil sobre o tema da legalização. Pois é. Aí é que começa o surrealismo da história. Ou a Teoria dos Seis Graus de Separação. Respondeu-me imediatamente: Olá Ana, estou quase certa disto, mas tu fizeste Direito em Coimbra e foste voluntária da Ami no Porto? Ao ver o teu skype, fez-se luz! Acho que nos conhecemos!
Não. Não é possível. Verão de 2004, nas vésperas de me formar e de partir para Stuttgart. Manhãs e princípios de tarde na AMI do Porto, colaborando no vestuário e no refeitório. Entre distribuir roupa, arrumar pacotes nas prateleiras, servir comida e colocar os pratos na máquina de lavar, conversas e sonhos partilhados com a Helena. E, passados 9 anos sem contacto – durante a minha estadia na Alemanha ainda trocamos uns emails, mas depois nunca mais - a advogada da ONG onde ela trabalha conhece um amigo meu alemão, liga-lhe para tirar essas dúvidas sobre o visto e ele dá-lhe o meu celular. Incrível?!
De acordo com a Teoria dos Seis Graus de Separação, surgida na década de 60, entre duas pessoas existem apenas seis contatos intermediários, mesmo que elas estejam em lados opostos do mundo. Ou seja, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas.
Teoria comprovada. Muitas e muitas vezes, principalmente desde que cheguei ao Rio.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Bilingue?

Era uma vez uma operadora telefônica que se chamava TIM. Um dia, uma portuguesa residente no Brasil há quase ano e meio telefona para o*141, número da Central que lhe é dado na loja, na qual não lhe puderam auxiliar, para cancelar o tarifário que possui.
Vários minutos de gravação: Bem-vindo à TIM. Identificamos o seu número. Se a consulta for relativa a este número, pulse 1. Pulsei 1. Se quiser saber o saldo do seu cartão, tecle 1. Se quiser saber o código de barras da sua fatura, pulse 2. (...) Se quiser fazer cancelamento de tarifário, pulse 8. Pulsei 8.
- Boa tardjii, em que posso ajudar?
- Boa tarde, gostaria de cancelar o meu tarifário.
- Disculpe?
- Gos-ta-ri-a de can-ce-lar o meu ta-ri-fá-rio.
- Só um momento que lhe vou passar ao departamento responsável.
Musiquinha.
- Hello, how can I help you?
- Desculpe?
- How can I help you?
- Gostaria de cancelar o meu tarifário. 
- Ok, só um momento. Cancelar ou migrar para pré-pago?
- Migrar para pré-pago.
- Ok. Pode-me dizer o seu nome completo e CPF, por favor?
- (...)
- Muito obrigada. Espere um momento.
- Ok.
(...)
(...)
(...)
- Desculpe pela demora. Para fazer o cancelamento do tarifário teria que lhe passar para o departamento responsável, mas como esta chamada já foi foi antes passada e só se pode fazer isso uma vez, terei que abrir um protocolo que demora 5 dias até ser resolvido.
- Não estou entendendo. Mas eu liguei para o setor responsável e não sei porque me passaram para você, porque tinha pulsado 8 que era para cancelamentos.
- É, mas depois passaram você para um atendimento bilíngue.
- Desculpe? Atendimento bilíngue? Mas se eu falo português! Sou portuguesa!
- É, você tem um ligeiro sotaque, mas dá para entender bem você sim. Eu estou entendendo.
Menos mal. Toca a desligar o telefone, discar o *141 e começar tudo de novo.

Choro no terraço

E para terminar uma semana de pequenos mas custosos furtos, gripe, muitos stresses e burocracias esgotantes... nada melhor do que um serão de choro no nosso terraço! 


Começou o segundo semestre na Escola Portátil e as manhãs de sábado continuam sendo sinónimo de partituras, melodias, instrumentos, amigos, e choro... muito choro. E agora, além do pandeiro, temos o violão do Rich a fazer os primeiros acordes do "Paciente" do Pixinguinha e a flauta transversal tocando o SI, a única nota que aprendi até agora... bom, também sei o dó e o dó sustenido, mas o profe mandou estudar o SI  e esforcei-me para amanhã o levar bem preparado! :)

 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um pouco de sal grosso, por favor

Banho de sal grosso, para eliminar energias negativas, invejas, pragas que lhe jogaram e azares. Não sei se acredito, mas acho que estamos mesmo a precisar! Em 5 dias, roubaram carteira e celular do Rich dentro do ônibus, mais tarde as havaianas na praia e hoje levaram as rodas da minha bicicleta recém comprada e colocaram um pau no buraco do banco, para lhe dar um ar ainda mais destruído, como se fosse pouco estar sem rodas.
Para não falar na mulher do Consulado do Brasil do Porto que ligou ontem gritando comigo, faltando ao respeito de uma forma inacreditável, não me deixando falar e, basicamente, não respondendo às minhas dúvidas nem adiantando nada.
- "Esta chamada era para ter sido logo atendida!!!" (demorei uns segundos porque estava no meio de uma conferência importante e tive de sair do salão) (...);
- "Deixe-me falar porque não posso gastar!" (então porque é que me ligou, uma vez que não adiantou nada? Podia simplesmente ter escrito um email!) (...);
- "Em que dia enviou esses documentos?" Na terça-feira da semana passada. "Terça-feira? Mas terça-feira tem em toda a semana! Que dia!??" Já lhe disse que foi na terça-feira da semana passada, agora mesmo não sei o dia certo porque não tenho nenhum calendário à minha frente!;
E desligou mandando-me escrever outro email, quando tinha acabado de lhe mandar um a esclarecer toda a situação. Para que é que me ligou então, se não queria gastar, não me deixou falar e não responder à questão que lhe tinha feito no email? Para gritar comigo?
Um pouco de sal grosso, por favor. E não é para fazer churrasco.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Oficial

1 de Agosto de 2013: Publicado no Diário Oficial da União.

"O Coordenador-Geral de Imigração - Substituto, no uso das suas atribuições, deferiu os seguintes pedidos de autorização de trabalho, constantes dos ofícios ao MRE n°...”

É oficial, já começo a ser gente no Brasil. Ainda faltam chegar dois documentos de Portugal, juntá-los com mais uns papeis, sair do Brasil, pagar uma multa dolorosa na fronteira, e talvez passar por algum constrangimento, espero que não, ir ao Consulado do Brasil em Buenos Aires entregar toda a papelada, esperar 72 horas, e finalmente voltar a entrar no Brasil com o visto de trabalho. Depois ainda terei que fazer mais trâmites na Polícia Federal. E começar a história de novo, para pedir a prorrogação. Sim, porque ele expira em 31 de Outubro. Irônico? Sim... e muito cansativo, burocrático, custoso, estressante. Demorou tanto, mas tanto tempo, que nem tenho ânimos para celebrar. Mas sim, estou feliz, muitooooo feliz. Cada vez mais perto de ser gente!