Levanto-me
mil vezes da cama, pouso o computador sobreaquecido que me queima as coxas, espreguiço-me,
vou à janela ver as pernas ofegantes e os corpos elegantes, espreguiço-me outra
vez. E outra. Acho que não existe nenhum músculo das minhas costas que não me
doa. Para o lado direito já nem consigo virar o pescoço. O meu cansaço mental,
quando não é compensado com exercício físico, se transforma num grande stress e
numa hiperatividade, contida de alguma forma, mas insuportável de aguentar.
Estou em
Uberlândia, estado de Minas Gerais, trabalhando desde quarta-feira, e têm sido
uns dias muito intensos. Acordar às 5h, tomar o café da manhã, pegar taxi para
Escolas, uma em zona rural, fantástica, a paisagem bucólica adornou a viagem de
meia hora, fazer grupos focais com alunos(as), estar atenta a todos os
pormenores, sair derreada pelo ritmo frenético, e com cabeça explodindo de
informações, explicar mil vezes de onde sou a todos, que não, não sou de França
(não sei porque insistem), falar com as professoras, as diretoras, com todo o
mundo que se mostra solícito e simpático, processar rapidamente toda a
informação, registrar ao máximo, explicar o motivo da nossa visita, analisar,
observar, ser observada, aguentar horas infindáveis sem comer, por fim almoçar,
arroz com feijão, mas não é preto como no Rio, ao jantar um verdadeiro pão de
Minas tamanho gigante, tarde e noite fechada no quarto do hotel de paredes
amarelas, escrevendo relatórios, respondendo emails, fazendo telefonemas. E
indo à janela ver as pernas ofegantes e os corpos elegantes. Preparar a
atividade do dia seguinte e não dormir antes das 0h30.
Apesar de
tudo, do cansaço mental e da ausência de exercício físico que me deixa dorida e
nervosa, é muito bom, mesmo, viajar em trabalho. Por sair da rotina, por fazer
atividades diferentes, por nos surpreendermos a nós próprios, por aprender
muito, por conhecer outras pessoas, outras realidades, e, aqui, outros “Brasius”. Porque não deixa de ser
viajar.
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