Mas são as 23 horas
de quinta-feira. Cheguei a casa há pouco, depois de um dia de trabalho cheio de
pendências por resolver. Nadei cedo de manhã e à noite tive mais uma aula
intensa de yoga . Tão intensa que, no fim, o professor olhou para nós e disse “agora
vocês já se podem considerar avançados”. Maravilha. Saio das aulas cansada,
mas sempre em paz e sentindo-me cada vez mais forte.
Tudo o que agora
queria era continuar desfrutando dessa paz. Tomar um duche, saborear lentamente
o meu mingau de aveia com maçã e canela, deixar-me embalar na rede ao som das
ondas do mar enquanto leio Rio das Flores. E adormecer tranquilamente,
deixando as pupilas fecharem entre as histórias da família Flores.
Mas não. Os
vizinhos resolveram montar festa na laje e os pratos do pandeiro e as batucadas
ritmadas ressoam dentro da minha cabeça. Não suporto as vozes demasiado
agudas que de repente ressaltam desafinadas. As palmas. O pandeiro. Os
batuques. Não... agora não... eu juro que adoro samba, que adoro esta facilidade com que se
faz música e festa em qualquer lugar, esta espontaneidade, esta alegria. Mas já
são as 23h40. Gostaria tanto de poder relaxar um pouco...
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