quinta-feira, 14 de março de 2013

Quinta-feira à noite

É certo e sabido que adoro samba. Sou uma frequentadora assídua de ótimas rodas de samba do Rio. Pedra do Sal, Santa Teresa, Ouvidor. Trauteio as letras, mexo os pezinhos, entusiasmo-me com cada música nova que conheço, com cada compositor que acrescento ao meu repertório, alegro-me quando consigo acompanhar as músicas até ao fim. Emociono-me. Sinto-me sempre muito feliz, contagiada pelo ritmo e pelos sorrisos que pairam em volta da roda. Não me canso. Até comecei a aprender a tocar pandeiro, sonhando com o dia em que participarei em alguma.
Mas são as 23 horas de quinta-feira. Cheguei a casa há pouco, depois de um dia de trabalho cheio de pendências por resolver. Nadei cedo de manhã e à noite tive mais uma aula intensa de yoga . Tão intensa que, no fim, o professor olhou para nós e disse “agora vocês já se podem considerar avançados”. Maravilha. Saio das aulas cansada, mas sempre em paz e sentindo-me cada vez mais forte.
Tudo o que agora queria era continuar desfrutando dessa paz. Tomar um duche, saborear lentamente o meu mingau de aveia com maçã e canela, deixar-me embalar na rede ao som das ondas do mar enquanto leio Rio das Flores. E adormecer tranquilamente, deixando as pupilas fecharem entre as histórias da família Flores.
Mas não. Os vizinhos resolveram montar festa na laje e os pratos do pandeiro e as batucadas ritmadas ressoam dentro da minha cabeça.  Não suporto as vozes demasiado agudas que de repente ressaltam desafinadas. As palmas. O pandeiro. Os batuques. Não... agora não... eu juro que adoro samba, que adoro esta facilidade com que se faz música e festa em qualquer lugar, esta espontaneidade, esta alegria. Mas já são as 23h40. Gostaria tanto de poder relaxar um pouco...

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