Já é muito
tarde e hoje foi um dia longo. Mas não poderia deixar de escrever umas palavrinhas.
Fui com alguns dos meus alunos de excursão ao
Instituto Cervantes. Antes demos um pulinho na praia de Botafogo, ali ao lado,
porque não é todos os dias que podem ver o Pão de Açúcar bem de perto...
Visitámos
as instalações do Instituto, a biblioteca, a sala de leitura; vimos uma
exposição e assistimos à apresentação dos vídeos de cada grupo de alunos sobre
o tema “porquê estudar espanhol?”.
Foi uma
experiência maravilhosa. O entusiasmo e a alegria desde que saímos de Lucas. A
viagem animada de trem e metrô. A incredulidade quando viram de longe o
edifício espelhado de 5 andares. O medo ao desconhecido. Desconfiança. Ana, eu não vou entrar aí não!! A forma
como olhavam para todo o lado. O jeito de andar. A educação. Timidez. O
nervosismo enquanto esperavam que os outros alunos, do próprio Instituto,
chegavam. Ai, me estou sentindo mal,
quero ir embora! (...) Por favor, Ana! Não saia do meu lado! A rapidez com que
cortaram o gelo e, naturalmente, começaram a perguntar os nomes uns dos outros.
Perplexidade. Admiração. Vontade de saber mais. Alegria. Descontração. Jogaram
ao Busca a alguién que e rapidamente
o auditório ganhou vida, com vozes gritando em portunhol En que més nasceste? Tens mascota? No te gusta o chocolate? Muita
diversão. Assistimos à apresentação dos 5 vídeos e todos os grupos estiveram realmente de parabéns.
Imaginação ao rubro. Muitas gargalhadas.
Emocionei-me ao escutar as suas conversas,
as trocas de email e de facebook. Garotos partilhando o mesmo espaço, unidos
pelo mesmo motivo, que é aprender espanhol, rindo e conversando. Que diferenças
havia? Uns vinham lá de longe, da favela de Parada de Lucas, outros ali do
Bairro de Botafogo, de Copacabana ou Leblon. Mas, realmente, qual a diferença?
Na viagem
de volta a casa, perguntei-lhes isso. Se tinham notado alguma diferença. Responderam
que não. Eu pensei que iam ser uns playboys... mas eram bem bacanos... (...) O Pedro era muito nerd... ah, mas a Mariana era muito louca, muito louca!... (...)
Posso ser mesmo sincera, Ana? (ui,
pensei, o que vem aí!!!) Amei esta
experiência.
Eu também
amei esta experiência. Acompanhá-los e ajudá-los a conhecer um pouco mais do mundo de lá de fora, esse lugar tão distante.
Antes de
sairmos, brinquei com eles e disse que íamos viajar a Espanha, por isso só poderíamos
falar espanhol, a estação de trem seria o aeroporto internacional de Lucas...
e, enfim, de certa forma foi como viajar a Espanha. A outro país. A outro continente.
Sair de aqui para a zona sul é viajar. E o melhor de viajar é conhecer e
aprender, é abrir os horizontes, o olhar, o pensamento, saber que há mais para
além da realidade segura, que conhecemos bem, e que o desconhecido e o incerto
nem sempre são lugares ruins aonde chegar. Muito pelo contrário.
Na praia de Botafogo, com o Pão de Açucar ao fundo
No auditório do Instituto Cervantes
Na Bilblioteca
Na sala de leitura
Jogando ao Busca a alguién que...
Depois de
todas as viagens, sejam elas quais sejam, a nossa mochila vem sempre mais
cheia. Pesada. Suja. Desarrumada. E isso só significa que vivemos...
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